O Rei do Sertão
Cicero Porto
Querem me discurpar os sinhôris
Por mó d´eu chegar assim surratêro
Meu nome é Sivirino de Armeida
Sô sertanejo e vaqueiro
Aqui nasci e fui criado
E desde minino vadiano
Sempre fui muito do danado
Passava o dia malinano
Foi nessa minha criancice
Que conheci um cidadão
Seu nome ele me disse
Mas nun carece de falar agora não
Vivia ele me contano historia
E de Zói aberto eu pirmanicia
De dia a noite e inté de tardizinha
Um mundão novim eu conhicia
Conheci Iara, a mãe d´água linda
E Cumpadi d´água por lá também tinha
Sem falar numa serpente viva
Que mora lá por debaixo escondidinha
Uma histótia me deu medo muito
Tive inté recei de ouvino continuar
Falava todo sem jeito, pertubado
Era algo de muito se admirar
Minha cabeça ficou foi por demais confusa
Nun intidia nadinha do que ele dizia
Falou duma tal de seca intrusa
E eu atento só ouvia
Falou de um tal de desmatamento
De morte, sofrimento e dor
Também de um futuro aquecimento
Que só devera de ser o calor
Eu confuso lhe dizia:
Como assim poderá morrer?
Tão forte e valente que é
É algo difícil de acontecer
Me despedi dele naquele dia
C´uma dor no coração
Sem saber se então eu podia
Ajudar tarveiz esse irmão
Cinquenta anos se passaram
E hoje me encontro aqui
Contano nesses simpres versos
O que já estava por vir
Meu amigo já nem é tão robusto
Nem sequer comigo quer prosear
Nun sei se dirrepente ficou mudo
Ou entonce o impidiro de falar
Por mai que eu grite ou chame
Ele não me responde não
Entonce pra donde foi parar meu Deus
A voz do Rei do Sertão?
Quem contará agora pra mim
As lendas e os causos desse lugar
Nunca pensei que fosse de vera
Com o tempo e de fato acabar
Entonce se de arguma maneira eu puder alertar
Na prosa, no poema ou na canção do disco
Que ta na hora de salvar o Rei do Sertão
Meu Rio São Francisco
Ele que tanto chorou
Mas suas lagrimas já tão a secar
Te peço por todos nois e por mim
Num deixe meu Velho Chico acabar
Pra butar um fim no que já benho dizeno
Vamo ser persistente, vamo ser guerreiro
Não vamo deixar ele sofreno
Ele é como nois, ele é Brasileiro.
Apresentação na cerimônia do TAL/2010 |
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